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Com o negro desta terra incrustada em minha sola,
Calçarei p’ra sempre a fuga.
E serei derradeira sombra
Que não se importa
De varrer da vida torpe escaravelhos acomodados,
Aracnídeos passivos,
E artrópodes demais.
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Levar dos homens tristes
Só palavras ácidas que corroem saliva,
Pesam às costas,
Ceifam almas ao cantar.
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Mas não me olhem olhos doces…
Quero-os caolhos,
Perturbados.
Maltratados os sentidos infinitos.
Sofredores,
Da vida tanta que passou.
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Quente e denso
Como a forja de onde veio há muito tempo o anzol
Que já não solta o dedo velho,
A pele rija do pescador calejado,
Vai o vento
A galope.
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Que me carregue no passar e não me deixe
Para ir me rebentando
Sempre que possa
Como as folhas da cidade que resvalam no Outono.
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Meu corpo estilhaçado vai pairando
P’ra deixar um pouco
De mim em tudo
O que se sente.
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E a cada embate
Não porque é preciso,
Mas porque não é hora,
Se se finta
A morte, ainda,
Vou sabendo que sou, finalmente,
Como essa onda que definha
E se rasga e se espuma e se finda
Mas não se importa.
Porque trocou com o destino:
Navegar, vadia, todo o mar
Mas terminar um dia
Na cabeça dos corais.
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Uma viagem à Indonésia que se transformou num poema. Esta é uma parte da história.
Clica nas fotografias.
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Uau, temos sentimento. Temos poeta.